sexta-feira, 7 de março de 2008

Imprensa


2ª Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras apresenta programação

Foram nove meses de muito trabalho e, finalmente, é com imenso orgulho que nós, organizadores da 2ª Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras, apresentamos a programação da mostra para a edição deste ano, que acontecerá entre 8 e 23 de novembro.

Nossa Curadoria trabalhou arduamente, mas com muito prazer, afinal o cinema é a nossa cachaça paixão mundana. Muitos filmes foram assistidos antes do convite que encaminhamos aos realizadores com quem gostaríamos de dialogar nesta mostra, levando seus filmes para um público onde seus nomes ainda são desconhecidos. Dentre eles, alguns já estão há algumas décadas construindo a identidade do cinema brasileiro, como Silvio Tendler e Rosemberg Cariry, outros nem tão conhecidos, embora com uma vasta bagagem em suas incursões Brasil à dentro em busca de novas imagens e realidades muito pouco ou nada conhecidas pela maioria de nós. Se para a crítica especializada Tendler e Cariry navegam em temáticas dispares ao longo de suas obras na medida em que Tendler escolheu a narrativa documental e Cariry passeou mais pela ficção, na 2ª MFAERO os filmes ‘Encontro com Milton Santos ou o mundo global visto do lado de cá’, e ‘Patativa do Assaré Ave e Poesia’, dos dois cineastas, respectivamente, revelam uma das singularidades do nosso cinema. Tanto Tendler, quanto Cariry buscam mostrar um mundo possível, uma reinvenção humana e histórica de nossa civilização, que nada mais teria a fazer senão preservar nossa cultura, nossa história, nossa memória em prol de algo tão singelo, que chega a ser ingênuo, ou seja, um mundo mais humano.

Além desses dois grandes cineastas brasileiros de escolas diferentes, buscamos diálogo ainda com jovens realizadores e documentaristas com vasta experiência em revelar as belezas ainda inacessíveis a muitos brasileiros. Marcelo De Paula, carioca e que há duas décadas realiza viagens a pontos longínquos de nosso país à procura do Brasil desconhecido de todos nós e das riquezas culturais dos povos tradicionais de nosso território, apresentará dois filmes na mostra – ‘Karajá, o Filme’ - convidado pela Curadoria - e ‘Alerta Verde’, recém-lançado e que faz parte da mostra competitiva da 2ª MFAERO. O documentarista também virá a Rio das Ostras para participar de um debate com o público e contar como é fazer cinema documentário hoje no Brasil. O longa-metragem ‘Guerrilha do Araguaia: As faces ocultas da história’, do documentarista Eduardo Castro, também figura entre os filmes convidados pela Curadoria a ser apresentado na 2ª MFAERO. O filme lançado este ano causou polêmica no circuito dos festivais por apresentar nomes que, de forma ou outra, desapontaram milhões de brasileiros no governo Lula. Certos de que é justamente a polêmica um dos impulsos capazes de trazer à tona novas perspectivas sobre um determinado ponto de vista, exibiremos o longa com muito orgulho em nossa mostra. ‘Em busca da Tradição Nacional’, uma produção do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), lançado no último dia 22 de agosto, dia do Folclore, no Museu Edson Carneiro, no Rio de Janeiro, também foi convidado a participar da 2ª MFAERO pela Curadoria. Seus realizadores participarão de um debate durante a mostra, contando como foi o trabalho de pesquisa e de restauração de imagens, que levou ao produto final. Ainda, o já bastante difundido pelo Brasil em mostras de filmes etnográficos – ‘Yâkwa, o banquete dos espíritos’ - clássico longa-metragem produzido pelo núcleo Vídeo Nas Aldeias, de 1995, também foi convidado a participar da mostra por nossa Curadoria. O filme é uma obra-prima, já tendo sido contemplado com dezenas de prêmios em festivais nacionais e internacionais, merecendo destaque na programação da 2ª MFAERO.

Homenagem a Jussara Queiroz
Ainda entre os cineastas escolhidos pela Curadoria para esta mostra, destaque para Jussara Queiroz, protagonista do argumento do filme ‘O Vôo Silenciado do Jucurutu’, dirigido pelo jornalista mineiro, radicado em Natal (RN), Paulo Laguardia, e diretora de diversos filmes produzidos nos anos 80.
A 2ª MFAERO presta uma homenagem à cineasta de Jucurutu (RN), que foi estudar cinema na Universidade Federal Fluminense nos anos 70 e lá militou pela permanência do curso, tendo sido uma das alunas mais expressivas do cinema universitário da UFF naqueles tempos. Jussara fotografava, escrevia roteiros e produzia seus próprios filmes tendo obtido grande êxito em seus projetos e sendo reconhecida em festivais de cinema no Brasil e no exterior, como aconteceu com seus filmes ‘Acredito que o mundo será melhor’ e ‘A Árvore de marcação’, o filme mais conhecido da diretora, que traz no elenco a atriz Marcélia Cartaxo e que será exibido na 2ª MFAERO de maneira inédita no interior do estado do Rio de Janeiro.
Todos os direitos para as exibições dos filmes de Jussara, assim como a doação das cópias dos mesmos para a Videoteca do PURO, foram enviados à Curadoria da 2ª Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras através da colaboração de Paulo Laguardia, cuja sensibilidade foi capaz de registrar a história dessa cineasta colossal no documentário ‘O vôo silenciado do Jucurutu’, convidado a participar da mostra na programação de homenagem à Jussara Queiroz.

Circuito
Somados aos filmes selecionados pela Curadoria, serão apresentados em 16 dias de mostra, 50 obras nacionais de 13 estados brasileiros, entre curtas, médias longas-metragens, em quatro locais de exibição: PURO, Praça São Pedro, Núcleo Artes, Terapias e Ofícios e CineRitz Holiday. A produção recebeu inscrições de realizadores e produtores de todo o Brasil – ao todo foram 187 inscrições - e buscou, neste sentido, ampliar as possibilidades desse diálogo entre cinema, cultura e meio ambiente para as diferentes interpretações desta nossa realidade fragmentada, mas extremamente uníssona, retratada diante das câmeras que captam as faces deste gigantesco Brasil.

Esperamos que gostem da programação, que além da exibição de filmes, conta ainda com debates, mesas-redondas, apresentações de manifestações culturais oriundas de grupos do interior do Rio de Janeiro, e com uma oficina de fotografia ministrada pelo fotógrafo Maurício Rocha, que há cinco anos desenvolve um trabalho bastante interessante na formação de jovens da região junto à técnica e a linguagem fotográfica com seu projeto Papo Fotográfico.

Todas as atividades da 2ª Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras têm entrada franca.

----------------------------------------------------------------------------
ImprensaBR Entrevista o Cineasta Rosemberg Cariry
O convite para a exibição de seu último filme, Patativa do Assaré - Ave Poesia, no circuito da 2ª Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras, foi aceito prontamente. Com muito carinho e profissionalismo, o cineasta cearense, Rosemberg Cariry, nos remeteu duas cópias do filme e, agora, nesta entrevista concedida via internet, ele fala à jornalista Leonor Bianchi, organizadora da 2ª MFAERO, sobre a realização do filme, sua amizade profunda com o poeta Patativa do Assaré, comenta a implantação da TV Pública no Brasil, avalia o cenário da produção audiovisual no Ceará e afirma que os festivais e mostras de cinema são vitais para a circulação do cinema nacional. O filme Patativa do Assaré - Ave Poesia será exibido no primeiro dia da 2a MFAERO, às 18h00, após a apresentação do grupo de jongo Tambores da Machadinha e do coquetel de abertura da mostra, no CineRitz Holiday Rio das Ostras. Entrada franca. Censura livre.

ImprensaBR – Leonor Bianchi - Falemos sobre seu último filme: Patativa do Assaré – Ave Poesia. Seria necessário ser poeta também e ser ainda, acima de tudo, ou de quase tudo, nordestino para compreender Patativa, para querer falar de Patativa do Assaré, para homenageá-lo em um filme... uma figura que vive no inconsciente do povo nordestino e, de certa maneira, no inconsciente do brasileiro. Patativa afirmou sua singeleza de homem puro e criativo em sua obra inspirada principalmente na natureza da Serra de Santana, em Assaré. Nela, ele narrou a imagem do sertão e do sertanejo do Nordeste brasileiro. A geograficidade, ou seja, a forma de experimentar a existência na Terra como uma espécie de cumplicidade obrigatória, como chamou o geógrafo francês Eric Dardel, conceituando esse estado de doação e compartilhamento entre os espaços; o humano e o geográfico; foi intensamente o ponto de partida para as criações do poeta e do ser humano Patativa do Assaré. Conte sobre a idéia de fazer o longa-metragem depois de tantos anos de amizade entre você e seu personagem, o próprio Patativa.

Rosemberg Cariry –
Na raiz de tudo, está a minha amizade com Patativa do Assaré, que é meu compadre e já era meu ídolo, desde o meu tempo de criança, quando ele freqüentava as feiras do Crato e ia sempre à minha casa por conta da forte amizade com meu pai. Acompanhei de perto a sua trajetória, a sua luta por justiça, os seus grandes embates políticos, a sua ascensão como um grande nome da cultura brasileira. Depois editei alguns dos seus livros, produzi alguns dos discos e recitais. Durante todo esse período, registrei a vida e as aparições artísticas do mestre, em cinema e vídeo. Embora, antes, eu tenha feito, com Jefferson de Albuquerque Jr., um curta-metragem sobre Patativa, a idéia de fazer um longa-metragem me surgiu de forma muito afetiva. A idéia surgiu com a sua morte, como se o filme, em nível simbólico, pudesse ser a sua ressurreição. Nos últimos anos da vida de Patativa, por conta das minhas viagens, pelo Brasil e pelo exterior, eu praticamente não vi mais meu compadre. E não pude visitá-lo, quando ele já estava doente, antes da sua morte. Eu soube da morte dele por meio de um telefonema de seu filho, mas a morte dele não me chegou como uma verdade definitiva. Patativa já era uma espécie de mito popular e eu não podia conceber sua morte. Ele morreu e eu disse: “Não morreu porque eu não vi”. Como eu estava viajando, dei instruções a uma equipe para que gravasse os funerais. Depois, revendo esse material, vi que Patativa estava morto. E isso me abalou profundamente. Eu chorei muito, fiquei muito emocionado. Durante anos, eu não quis mexer nesse material. Eu tinha dezenas de horas de material gravado, mas não queria me debruçar sobre essa memória, esses sons e essas imagens, pois isso seria mergulhar em boa parte da minha vida, tantas eram as coisas que estavam ligadas a mim, aos momentos que vivera. Um dia, eu resolvi me debruçar sobre esse material. E foi muito difícil. Passei quase três anos mexendo nesse material. Montando e remontando, montando e remontando. E, num primeiro momento, fiz um filme imenso, com seis horas de duração. Eu contava a história do século XX inteiro, pela história do Patativa. Na verdade, eu fiz um seriado de cinco filmes, cada um relatando 20 anos da vida do poeta e dos principais acontecimentos históricos, que eram revistos a partir da poesia e da vida dele. E fazia experimentação de linguagem. Mas depois eu compreendi que o melhor pra esse filme era ser singelo, que o filme fosse apenas um suporte para que o próprio Patativa se revelasse. Então, eu dei um nó nas minhas “pretensões de cineasta” e deixei que o filme fluísse como um rio, onde Patativa estivesse com toda sua beleza, grandeza, de forma muito natural. Eu diria que o filme é quase uma conversa daquelas de calçada. Antigamente, no sertão, o pessoal botava as cadeiras na calçada à espera da fresca do vento de Aracati. O filme é isso, uma conversa sobre um homem de grande arte e de grande generosidade. Espero que as pessoas entendam assim. Que percebam o filme como uma conversa no pé de calçada à espera do vento que sopra. Mas, ao mesmo tempo, é um filme que traz muitas inquietações políticas, que diz muito sobre quem nós somos.

ImprensaBR - Como você relacionou o seu olhar sertanejo com o de Patativa para chegar ao esboço de uma narrativa para o filme? Qual a contribuição que você, enquanto diretor do filme, deseja dar ao povo brasileiro, ao Nordeste brasileiro quando realiza um filme como Patativa do Assaré – Ave Poesia?

Rosemberg Cariry – Eu quis, com este filme, mostrar a importância e a grandeza desse artista e cidadão brasileiro que foi o Patativa do Assaré. Esse homem, saído da pobreza, que padeceu fome e sofreu muito como roceiro, foi um autodidata, aprendeu a ler sozinho e depois leu os grandes clássicos da literatura. Um homem que levantou a sua voz como um canto generoso de denúncia e de humanidade. Quis mostrar o Patativa da roça, do povo, dos sindicatos, dos recitais estudantis, dos movimentos políticos. Esse é o Patativa que eu trago na memória e a quem presto a minha homenagem. A grande visibilidade do Patativa acontece no período que vai da década de 70 à década de 80. Ele aparece para o grande público junto com a luta pela Anistia, pelas Diretas Já. Patativa aparece no processo de redemocratização do País como poeta de um povo, como poeta de um sonho de liberdade. Porque naquele momento, historicamente, se necessitava de uma voz coletiva. Quase todos os países e nações do mundo têm seus poetas de expressão nacional. No Brasil, você não tem. Drummond, Mário de Andrade? Naquele momento, Patativa, pelo menos no Nordeste pobre e rebelado, surge como esse poeta de expressão senão nacional, pelo menos nordestina. E aí eu fiz essa ligação consciente, porque esse é o momento em que ele publica os livros, ele viaja. Em todos os lugares do mundo, você tem Patativa falando de direitos humanos, democracia. Mas, em nenhum momento eu me descuido de um outro Patativa, que recita versos para as crianças, com ligação afetiva com sua esposa, carinhoso com seus amigos. Mas eu quis mostrar que esse foi o auge da maturidade política e poética. É o tempo em que, pela primeira vez, uma antologia poética do Ceará o inclui. É o momento em que o roceiro pobre, o “Zé-ninguém”, é aceito pela sociedade cearense - antes era espezinhado, negado. Realizar esse filme documentário sobre Patativa do Assaré foi não apenas desvendar a biografia e a obra de um poeta, mas também mergulhar no vasto oceano da cultura coletiva do povo nordestino e tatear os caminhos onde a história individual se encontra com o destino histórico de todo um povo. Para elaboração desse trabalho, foram pesquisadas muitas fontes escritas e da tradição oral; muitos registros audiovisuais e iconográficos. Todo esse material, rico de informações e de suportes variados, destaca a relevância da obra patativiana, o significado político dos seus atos e a sua imensa contribuição à cultura brasileira. Patativa do Assaré participou de importantes momentos políticos brasileiros: ligas camponesas, resistência à ditadura militar, campanha pela Anistia e pelas Diretas Já. Na aérea cultural, foi homenageado pela Sociedade Brasileira para Progresso da Ciência e participou ainda dos principais movimentos culturais do seu tempo: Movimento de Cultura Popular (MCP – Recife), Festivais de Música Popular Brasileira, Grupo de Arte Por Exemplo e Movimento Nação Cariri, entre tantos outros. A partir de 1970, Patativa do Assaré passou a simbolizar, para os jovens nordestinos, uma voz da resistência e das lutas democráticas. Além da imagem “oficial” do poeta, o documentário mostrará aspectos do cotidiano com a família e com os amigos, no sítio Serra de Santana e na cidade de Assaré, onde é chamado pelo nome carinhoso de “Senhorzinho”. Acredito que o filme Patativa do Assaré – Ave Poesia é uma obra importante na preservação para gerações futuras de aspectos fundamentais da vida e da obra desse poeta popular que se transformou em um patrimônio cultural e afetivo do povo brasileiro. Um dos principais objetivos é que o filme, além da exibição em salas de cinema, tenha uma grande circulação em organizações populares e seja disponibilizado para rede de TVs educativas, culturais e comunitárias.

ImprensaBR - Você tem uma extensa trajetória como cineasta. Em 1975, no Crato, já produzia seus primeiros curtas-metragens, todos documentários. Em 1980, você começa a trabalhar com cinema de maneira profissional, ainda preferindo o gênero documentário para contar suas histórias sobre o povo e a cultura do nordeste, sua terra natal. Essa influência do cenário nordestino, das sagas fantásticas do homem da seca em busca da terra prometida, a terra da água, aparece como uma assinatura sua em seus filmes, como fora desde seu primeiro longa-metragem, em 1986, “A Irmandade da Santa Cruz do Deserto”, bastante premiado e exibido fora do Brasil. Comente um pouco sobre essa unidade estética em sua obra como cineasta.

Rosemberg Cariry – É verdade, eu trago comigo essa marca do sertão, o sertão não como um local limitado, fechado, mas como terra-sem-porteira, país-do-sem-fim (como concebia Guimarães Rosa). O sertão como encontro de mundos. O Cariri cearense, por conta do movimento religioso do padre Cícero, é o grande caldeirão das culturas populares nordestinas. Eu nasci dentro deste caldeirão. Estudei em seminários, tive contato com os grandes clássicos, mas também convivi com os grandes mestres da cultura popular, os cegos rabequeiros, os cantadores, os poetas cordelistas, os artistas anônimos das feiras. Tive a felicidade de conhecer e ser amigo de grandes mestres da cultura popular. Tudo isso terminou tendo sobre mim uma influência muito forte. Meus filmes traduzem esse universo sob uma perspectiva universal, porque, na raiz de tudo, não está apenas a região, está o homem, o homem sertanejo expressando a sua herança universal. A cultura do sertão é um encontro das principais vertentes das culturas ocidentais: temos toda uma herança ibérica (católica, judia, moçárabe), toda uma influência da cultura mediterrânea, toda uma influência de culturas africanas e ameríndias, afora os muitos povos que passaram pelo Nordeste durante o brutal processo de colonização. Meus filmes refletem esse (des)encontro de mundos. Acredito que, por muitas razões, a minha obra adquiriu esta unidade narrativa, estética e de reveladora de um universo cultural.

ImprensaBR - Seu trabalho registrando o poeta Patativa do Assaré vem desde 1978; material que, nesses 27 anos, totaliza mais de cem horas de gravação. Em uma entrevista sua, li que você registrou cenas do poeta em diversos suportes: Super-8, 16mm, 35mm, U-Martic, Betacam. Quando você começou a selecionar esse material para a realização do longa Patativa do Assaré – Ave Poesia? E o processo de montagem do filme, como foi?

Rosemberg Cariry - Eu filmava e registrava Patativa com o que tinha nas mãos, nos diversos períodos em que convivemos. Eu usei Super 8, 16mm, Vídeo U-matic, Betacam, Vídeo digital etc. Fui acompanhado a revolução tecnológica. Isso resultou em um importante acervo sobre a memória desse grande artista brasileiro. Terminei por fazer um longa-metragem, mas acontece que Patativa é de uma grandeza que não cabe em um só filme. Muitos outros com certeza virão, mesmo que sejam realizados por outros. O material que eu tenho sobre ele possibilitará outras abordagens, como a relação de Patativa do Assaré com a natureza. Ele sempre foi um grande defensor da natureza. Quando estamos montando um filme, é sempre uma coisa arbitrária escolher um poema e não outro etc. Muita coisa importante fica de fora. Ficaram de fora cenas do cotidiano dele com a família, ele fazendo brincadeiras com os netos, fazendo poesia pros amigos, fazendo versos picarescos etc. Há coisas interessantíssimas. Acho que, de certa forma, o importante é que esse acervo vai ser disponibilizado para o Estado. Vou disponibilizar esse material para o Arquivo Nacional. São mais de 100 horas de imagem. Afora as muitas horas de áudio, narrativas e entrevistas, que eu penso em disponibilizar junto com todos os outros materiais que eu tenho sobre cultura popular. Esse tesouro deve pertencer ao povo brasileiro. Não quero a propriedade desse acervo.

ImprensaBR - O filme já esteve em vários festivais brasileiros no ano passado. Participou do 17º Cine Ceará, um festival já consolidado no estado e um dos mais importantes do Brasil, onde foi lançado oficialmente. Em quais festivais o filme já foi exibido? E como ele tem sido recebido pelo público e pela crítica?

Rosemberg Cariry
– O filme Patativa do Assaré – Ave Poesia teve a sua estréia em Fortaleza, e este foi um momento de intensa emoção, com milhares de pessoas aplaudindo em pé o velho mestre. Fiquei muito emocionado com aquela manifestação. O jornal O Estado de São Paulo refere-se a este momento como “a comoção Patativa”. Foi realmente um momento muito bonito, acho que foi um dos acontecimentos mais significativos de toda a minha carreira de cineasta, nestes quase 35 anos de trabalho árduo e sem tréguas. Depois disso, o filme participou de algumas mostras de cinema no Brasil e no exterior. Agora depois da 2ª Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras, estou liberando o filme para que ele siga o seu próprio caminho, com exibições em acampamentos de sem-terra, em mostras universitárias, em bairros e favelas, em cineclubes etc. Haverá também, no começo do ano, exibição de cópias em 35mm em algumas salas alternativas. O destino desse filme é ser do povo, assim como Patativa do Assaré era um poeta do povo. Outro dia, encontrei cópias do filme sendo vendidas nas romarias, com capas feitas de xilogravuras, com intervenções dentro do próprio filme, um artista popular cantando um bendito que falava de Patativa e do Padre Cícero. Pensei comigo: Se nós podemos realizar filmes a partir da cultura popular, por que esta mesma cultura não pode utilizar-se dos nossos filmes? Gostei do que vi. Quanto à crítica, tem sido muito positiva, já foram escritos alguns ensaios sobre o filme, e alguém me contatou recentemente querendo fazer uma tese de mestrado. É legal toda essa movimentação em torno do filme.

ImprensaBR - Como está a campanha de lançamento do filme fora do Brasil?

Rosemberg Cariry – O filme já foi traduzido para o espanhol. Estamos agora fazendo uma cuidadosa tradução do filme para o francês e o inglês. Não é fácil traduzir a poesia de Patativa, com seu dialeto caboclo. A partir destas cópias legendadas, o filme entrará no circuito de algumas televisões culturais da América Latina e participará de mostras na Europa, bem como de seminários e simpósios sobre Patativa. Em março de 2009, comemoram-se os 100 Anos de Nascimento do Poeta Patativa do Assaré. No Ceará, e em todo o País, acontecerão seminários e mostras. Vou disponibilizar o filme para todos esses eventos. É uma forma de preservação da memória do grande poeta.

ImprensaBR - Em uma entrevista concedida a um grande jornal de Fortaleza, em março do ano passado, você comentou que o filme Patativa do Assaré – Ave Poesia tem muitas chances de ser distribuído nacionalmente, por causa do interesse em torno da figura de Patativa do Assaré. "Não é um filme de grandes vôos comerciais, mas que deve despertar interesse das televisões públicas e universitárias, circular nas escolas e entrar no circuito cultural e artístico". Quando o filme chegará ao circuito comercial? Quantas cópias o filme têm e em quais estados inicialmente ele será exibido?

Rosemberg Cariry
– Como eu já falei, o grande espaço do filme Patativa do Assaré será dentro dos movimentos culturais e sociais, uma coisa mais orgânica, participante da história. Além das chamadas salas de cinema de arte, o filme estará presente em cineclubes, em associações de bairros e favelas, em grêmios estudantis, em diretórios acadêmicos, em clubes de terceira idade, em movimentos dos sem-terra, em sindicatos operários, em organizações católicas sociais etc. Acho que esse é o destino do filme, ele precisa ir ao encontro do povo e ajudar na reflexão e na luta pela transformação da dolorosa realidade em que vivemos.

ImprensaBR - Como você vê a participação dos universitários e da sociedade civil no debate sobre a implantação da TV Pública?

Rosemberg Cariry
– Vejo como sendo de fundamental importância. Sempre fui defensor de uma TV Pública no Brasil, que fosse um espelho da nossa diversidade cultural, dos diversos brasis, da imensa criatividade do povo brasileiro. A saída do Orlando Senna da TV Brasil foi uma perda muito grande para essa visão mais generosa de uma televisão aberta, democrática e identificada com as lutas e os sonhos do povo brasileiro e latino-americano. Orlando Senna é um homem de visão larga e de grande generosidade, além de um grande senso de responsabilidade para com a nação brasileira. A sociedade civil tem que estar presente neste debate e reivindicar a democratização dos espaços. A grande luta hoje é por uma reforma no ar, que seja capaz de espalhar centenas de TVs e rádios comunitárias.

ImprensaBR - Ao afirmar que o filme deve ficar restrito aos circuitos artísticos, você insere Patativa do Assaré – Ave Poesia entre os filmes de arte ou cinema de arte. O que é necessário para que esse paradigma entre cinema comercial e cinema independente e de arte – que, muitas vezes, pode ser interpretado como um ponto negativo para a vida comercial de um filme - seja rompido?

Rosemberg Cariry
– Essa divisão entre “cinema comercial” e “cinema de arte”, para mim, é uma coisa recente, imposta pelo comércio. Lembro-me que, nos anos 60, na cidade do Crato, no interior do Ceará, existiam seis cinemas, e neles nós víamos de tudo. De filmes de aventuras norte-americanos a filmes dos grandes diretores europeus, além de filmes de Nelson Pereira dos Santos, Glauber Rocha, Carlos Manga, Paulo Gil Soares, Joaquim Pedro de Andrade, Carlos Coimbra, Anselmo Duarte, Lima Barreto, além de muitos outros diretores. Víamos O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro como víamos um faroeste ou um filme de capa e espada. Sem divisões rígidas. E digo mais: Adorávamos os filmes de Glauber da fase sertânica. Para nós aqueles filmes eram aventuras e encantamento. Só depois é que resolvem prender esses filmes em nichos de mercado e em rótulos obscuros.

ImprensaBR - Como, você, que, antes de lançar Patativa do Assaré - Ave e Poesia, ficou seis anos sem fazer um novo trabalho para o cinema, avalia a produção de cinema no Ceará, atualmente? Comente as iniciativas do governo para a produção local. Bahia e Pernambuco também vivem um momento especial para a produção de audiovisual. Dê sua opinião sobre este bom momento para o cinema nordestino.

Rosemberg Cariry
– O Ceará forma, hoje, juntamente com Pernambuco e Bahia, um dos grandes pólos de produção do Nordeste. Temos uma produção constante que consegue uma boa visibilidade em festivais nacionais e internacionais e circula nas salas de exibição. Temos uma nova geração de realizadores que têm se destacado pela inventividade, pela ousadia estética e pela proposta de novos argumentos. Os altos e baixos ocasionados pela política pública para a cultura não conseguiram interromper o fluxo criativo e produtivo do cinema no Ceará e na região. Pernambuco deu um grande salto de qualidade no cinema produzido na região e a Bahia, tradicional centro produtor na década de 60, retomou o seu papel. Temos assim, no Nordeste, uma cinematografia fresca, instigante, criativa. A grande renovação do cinema brasileiro está vindo do Nordeste.

ImprensaBR - Numa visão mais ampla, em nível nacional, como, em sua avaliação, estão funcionando as iniciativas do governo federal para o fomento à indústria cinematográfica brasileira no que diz respeito à produção, distribuição, exibição e à preservação das obras audiovisuais brasileiras?

Rosemberg Cariry
– Durante a gestão do ministro Gilberto Gil, com a presença de Orlando Senna na secretaria do audiovisual, tivemos um grande impulso no desenvolvimento do audiovisual brasileiro, principalmente com os programas que nacionalizavam, ou descentralizavam, a produção, redistribuindo recursos para os pólos produtivos nas regiões mais diversas, bem como incentivando festivais, mostras e seminários em todo o território nacional. Programas como os editais para filmes longa-metragem de baixo orçamento, DOCTV e Revelando os Brasis mostraram ser de grande eficácia, com resultados muito animadores. Os convênios e a renovação de equipamentos da Cinemateca Brasileira, do Centro Técnico Audiovisual e do Arquivo Público Nacional demonstram uma preocupação com a preservação da memória audiovisual brasileira. O grande problema, no entanto, é a distribuição. Os filmes brasileiros não conseguem chegar às salas de exibição nem à televisão. A grande exceção é o Canal Brasil, que só passa filmes brasileiros e a TV Brasil, que começa também a colocar filmes brasileiros em sua grade. O novo ministro da Cultura, Juca Ferreira, com certeza, dará continuidade a essa política de descentralização e valorização do audiovisual brasileiro e estará propondo novas medidas para resolver a questão da distribuição e da exibição na TV. O ministro é um profundo conhecedor do cinema brasileiro e tentará solucionar esses problemas, acredito.

ImprensaBR - Além de cineasta, você é filósofo por formação e escritor, já tendo lançado diversos livros, inclusive com outros autores. Em sua trajetória, você sempre atuou como militante no cenário cultural do Ceará, tendo participado de movimentos culturais significativos para a história do estado e de nosso país. Sem meias palavras, Rosemberg, comente sua biografia.

Rosemberg Cariry
– Sou um homem do sertão que ama as pessoas e as paisagens do mundo e tenta ser coerente consigo mesmo e com a sua herança de humanidade.

ImprensaBR - Quais seus projetos futuros?

Rosemberg Cariry
– Estou me preparando para rodar um filme pelo interior do Piauí, Ceará, Paraíba e Alagoas. O projeto se chama o Auto de Lampião no Além. Inspirado no cordel A Chegada de Lampião no Inferno. O filme conta as peripécias do Circo Teatro Piripiri, a partir do Delta do Parnaíba, com seus palhaços, atores e artistas populares perambulando por pequenas cidades e vilas dos sertões, apresentando o “Auto de Lampião no Além”. No Auto, o inferno está em crise, e Lúcifer vê-se obrigado a aliar-se ao capital financeiro internacional. Essa aliança é traduzida nas diversas formas de exploração política, social e econômica do homem. A nova desordem do mundo, por outro lado, termina por inflacionar a população de “almas condenadas” ao inferno. Para piorar a situação de crise, com repercussões desastrosas para todos os setores do inferno, chega a notícia de que o bando de Lampião e Maria Bonita, escorraçado do céu por São Pedro, aproxima-se para ali se acoitar, ameaçando tocar fogo no inferno. Lampião derruba a porta do inferno e lá encontra Lúcifer e Cão Gasolina, que, tomados de pavor, se submetem ao novo governador das fornalhas tenebrosas - mas, para tanto, pretende submeter-se a uma eleição no inferno. Lampião recua de seu intento diante das tentativas de Lúcifer de fraudar o pleito, e, por sugestão do cangaceiro e cantador Zabelê, é estabelecido que a disputa se dará na forma de desafio de viola entre o próprio Zabelê e o Cão Gasolina, representante de Lúcifer. Zabelê vence o desafio. Administrar o inferno não é tarefa fácil para Lampião. Os desentendimentos com Lúcifer são constantes, e o cangaceiro decide afastá-lo de suas funções. As coisas não melhoram, até que, um dia, no inferno, aparece (em visão) o Padim Ciço orientando Lampião a retornar ao sertão nordestino. Obediente, Lampião aceita o divino apelo. A atitude do bando é encarada por Lúcifer como uma vitória, pois, como o público descobrirá depois, tudo não passa de embuste do ardiloso Cão Gasolina. Durante a trajetória do circo pelo interior do Piauí, acontece um farsesco triângulo amoroso entre Lazarino (desabusado ator que faz o papel do Cão Gasolina), Zeferino (proprietário do circo, mulherengo e dublê de ator) e Creuza (a bonita, gostosa e libidinosa mulher de Zeferino). O picaresco Lazarino envolve-se ainda em muitas aventuras e desventuras pelo sertão, ao modo dos anti-heróis picarescos e populares da literatura de cordel, que, pela artimanha e esperteza, derrotam os ricos, os poderosos, os doutores e os padres que se colocam em seu caminho.

ImprensaBR - Como recebeu o convite para participar da 2ª Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras? Será a primeira vez que um filme seu será exibido publicamente na cidade, você sabia?

Rosemberg Cariry
- Não, não sabia. Eu fico muito contente com o convite, com essa possibilidade de mostrar o filme Patativa do Assaré – Ave Poesia para esse novo público, em um festival que começa a se firmar pela sua relevância cultural e a sua preocupação com a diversidade cultural do povo brasileiro e com a preservação do meio ambiente. Ainda não conheço Rio das Ostras, mas já ouvi falar das suas belezas. Espero um dia conhecer este pedaço mágico do Brasil.

ImprensaBR - Qual a importância de mostras, festivais, cineclubes em cidades do interior do Brasil, onde o cinema nacional ainda só chega pelas telas da TV ou em títulos norte-americanos, levados a salas de shoppings, nos chamados circuitões?

Rosemberg Cariry
– Considero da maior importância esse crescimento de jornadas, festivais, mostras e exibições do nosso cinema nas mais diversas regiões do País... Do Oiapoque ao Chuí, dos sertões da Paraíba ao planalto central, do pantanal aos pampas, de Rio das Ostras aos Lençóis Maranhenses. Vivemos um momento privilegiado desse encontro do cinema nacional com o seu público, além dos debates, dos cursos de formação audiovisual, dos prêmios, dos incentivos. Acredito, mesmo, que essa nova onda de festivais por todo o Brasil fará surgir uma nova geração de cineastas e videoastas, que alargarão os horizontes da cinematografia brasileira nas próximas décadas. Sou contra, enquanto cineasta e também diretor da Associação de Produtores e Cineastas do Norte e Nordeste - APCNN, qualquer corte nas verbas para os festivais. O que precisamos é ampliar ainda mais a realização desses festivais que passam a ter importância cultural e econômica em cada uma das regiões onde se realizam.

Patativa do Assaré – Ave Poesia
Direção: Rosemberg Cariry
Sinopse: O filme aborda a vida do poeta Patativa do Assaré, destacando a relevância dos seus poemas, o significado político dos seus atos e a sua imensa contribuição à cultura brasileira. Dono de um ritmo poético de musicalidade única, mestre maior da arte da versificação e com um vocabulário que vai do dialeto da língua nordestina aos clássicos da língua portuguesa, Patativa do Assaré consegue, com arte e beleza, unir a denuncia social com o lirismo. Aço e rosa.
Brasil, CE, 83’, 2007

Breve biografia
Natural do município cearense de Farias Brito, nascido em 1953, Rosemberg Cariry é filósofo de formação, poeta com cinco livros lançados e um dos fundadores do movimento de arte e cultura Nação Cariri. Como cineasta, estreou em 1986 com o documentário O Caldeirão da Santa Cruz do Deserto. No currículo, possui ainda os filmes A Saga do Guerreiro Alumioso (1993), Corisco e Dadá (1995), A TV e o Ser-Tão (1999), Pedro Oliveira, o Cego que Viu o Mar (1999); Juazeiro, a Nova Jerusalém (1999); Lua Cambará - Nas Escadarias do Palácio (2002), Cine Tapuia (2006) e Siri-Ará (2008). É ainda proprietário da Cariri Filmes, empresa especializada em produções audiovisuais.

---------------------------------------------------------------------------------
Sessão Infantil com bastante desenho animado no primeiro domingo da
2ª Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras

Em sua primeira edição, o longa-metragem Lutzemberger For Ever Gaia (Brasil, RS, 2007), dirigido por Otto Guerra e Frank Coe e ilustrado com desenhos animados do próprio Guerra, e o curta-metragem, A Garota, de Fernando Pinheiro (Brasil, MG, 2007) foram os únicos filmes de animação exibidos durante a Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras.

Este ano, a categoria está presente na programação através de seis curtas-metragens, que estão rodando todos os festivais e mostras de cinema e vídeo do país nos últimos dois anos e agora chegam ao público de Rio das Ostras de forma inédita.

O Programa Consciência Ambiental: Um despertar na infância, que será apresentado na sessão de domingo, dia 9 de novembro, às 16h00, no CineRitz Holiday, convida pais e filhos a refletirem sobre o nosso futuro e o do planeta Terra.

Serão exibidos sete curtas, sendo seis, animações. Entre eles, o filme Solta o Passarinho, desenhado e dirigido pelo carioca Pedro Pazelli, que acabou de vencer o primeiro lugar na categoria Animação o III Festival de Cinema Ambiental de Pacoti, no Maciço de Baturité (CE). Ano passado o filme passou pela Mostra Baixada Animada - Rio, Festival VideVídeo, Festival Brasileiro de Cinema Universitário, Festival Ambiental da Película – Flórida – EUA e este ano foi exibido na Mostra de Vídeo de Muriaé e MUMIA - Mostra Udigrudi Mundial de Animação. O filme acaba de ser selecionado para representar o Brasil na Mostra UPto3'-Toronto-Canadá, em novembro. Ainda nesse mês, Solta o Passarinho será exibido no FestCineAmazônia.

Pazzeli tem outra animação na mostra; o filme Curta a Natureza, também está na sessão infantil. Exibido em 2007 na Curta Cabo Frio, Curta a Natureza já participou do Valsusa Film Festival -Torino-Itália-2007, Festival Ambiental da Película- Flórida- EUA-2007, II Festival Nacional de Cinema e Vídeo Ambiental de Pacoti-CE, Mostra de Vídeo de Muriaé - 2008 e Sardínia Film Festival – Sassari - Itália -2008.

O curta baiano Trilha Ecológica, dirigido por Fausto Junior, também será exibido na sessão. O filme passou pelas edições 2007 do Anima Mundi Web Celular, Festival 5 Minutos, em Salvador, IV Mostra Ambiental, no Caparaó (ES) e este ano participou do II Animaí: Encontro Baiano de Animação, além de já ter sido exibido no projeto “Quartas Baianas” promovido pela Diretoria de Audiovisual (Dimas) da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) em parceria com a Associação Baiana de Cinema e Vídeo (ABCV).

Animações de Goiás, Minas Gerais e Santa Catarina em cartaz
Ainda no Programa Consciência Ambiental: Um despertar na infância, será exibido o curta animado de Luiz Botosso e Thiago Veiga (GO), “Bartô”. O curta foi desenvolvido em 2006 através do programa Anima Pequi, voltado para o estímulo à produção gráfica de artistas locais e à exibição de seus trabalhos para crianças da rede municipal de ensino de Goiânia.

Bartô já esteve em diversos festivais de cinema, inclusive fora do Brasil. Este ano, o filme participou do 1º Câmera Mundo em Rotterdan, na Holanda e em 2006, ano de seu lançamento, foi exibido em Portugal, no XII Cine Eco Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Ambiente da Serra da Estrela. Nesse ano ainda, o filme foi apresentado em Cabo Frio, no 1º festival de curtas da cidade. Em 2008, Bartô já foi visto pelos públicos da 1ª Mostra de Cinema Ambiental de Uruaçu, em Goiás, III Festival de Cinema Ambiental de Pacoti, 7ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, 6º Curta Santos, 8ª Mostra do Filme Livre (RJ), 11ª Mostra de Cinema de Tiradentes, 6º Desbitola Circuito de Cinema Goaiano, 2º Festival de Cinema de Floresta, em Floresta Alta (MT). Já foi exibido também no circuito CineBR em Movimento e da 8ª edição do Festival Internacional de Cinema Ambiental (FICA), o filme guarda o troféu João Bênio de Melhor Produção Goiana.

A animação de Santa Catarina Doce Turminha e Bom Samaritano, também já participou de dezenas de mostras de cinema pelo Brasil: CINESUL (RJ), FAM (SC), Catavídeo (SC), MUMIA (MG), Locomotiva (RS), Curta-se (SE), Festival de Cinema de Cascavel (PR) e Mostra Curtas Cariri (CE), e foi selecionado para a 2ª Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras. O desenho animado de Eduardo Drachinski envolve suspense, ação, drama e muita alegria para a criançada e será exibido no Programa Consciência Ambiental: Um despertar na infância. Coleciona os prêmios de ‘Melhor Curta Infantil pelo Júri Popular da MOSCA – Mostra Audiovisual de Cambuquira – MG e 3º Melhor Filme Nacional pelo Júri Popular da 7ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis. No último dia da criança, o filme foi exibido em São Paulo no projeto Curta Cultura.

Reciclando Idéias (Brasil, MG, 2007), filme de Acacio Alves, que participou, em outubro, do 1º FriCine Socioambiental, em Nova Friburgo, ministrando uma oficina de animação, também está na sessão infantil da 2ª Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras. O filme foi premiado como melhor animação no 7º Festival de Vídeo Estudantil Mostra de Cinema de Guaíba (RS) e conquistou o 5º lugar no II Animaserra, Teresópolis (RJ), na categoria Stop-Mottion.

Filme sobre infância de crianças indígenas faz parte da sessão
Ainda no programa, será exibido o curta documentário Peju Katu Kyringue’i - Venham todas as crianças (Brasil, SP, 2007). Dirigido por André Costa e Silvio Cordeiro, o filme da produtora Olhar Periférico mostra o cotidiano das brincadeiras e jogos de crianças guarani da aldeia Krucutu, em Palheiros (SP).

Peju Katu Kyringue’i - Venham todas as crianças já participou de mais de 16 festivais de cinema, com representação em mostras internacionais, tendo conquistado o Prêmio de Melhor Filme no Festival de Inverno de Bonito, em 2004, e Menção Honrosa no Festival de Cinema Ambiental ECOCINE de São Sebastião, no mesmo ano.

A Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras será realizada de 8 a 23 de novembro, em quatro pontos de exibição pela cidade: PURO – UFF, CineRitz Holiday, Núcleo Artes, Terapias e Ofícios e praça São Pedro. Todas as sessões têm entrada franca e o público participará votando nos filmes que mais apreciar. Os cinco melhores filmes da mostra farão parte do primeiro DVD Acervo Videoteca do PURO - Cinema Popular Brasileiro. O mesmo terá 50 cópias distribuídas para as redes de ensino federal, estadual e municipal da região da Baixada Litorânea (RJ).

------------------------------------------------------------------------
Cachambu e Candongueiro

Grupo de Jongo Tambores da Machadinha, de Quissamã, abre a programação 2ª da Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras

Os instrumentos de batuque marcam o ritmo da dança africana vinda para o Brasil há quinhentos anos, do Reino do Congo. O jongo caracteriza-se pelas cantorias entoadas pelos negros escravos, compassadas como toque das mãos no tambor de couro, o caxambu - tambor grave - e o candongueiro, o tambor agudo. Arrastando os pés no chão, em dupla, ou sozinhos, rodeados, homens e mulheres batiam palmas atualizando a dança africana e o lamento dos negros escravizados nas senzalas do sudeste brasileiro.

Como células vivas disseminadas nessa região, o jongo está ressurgindo através da prática da expressão cultural de comunidades remanescentes de quilombos em Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro. E é em Quissamã, cidade do norte-fluminense do estado do Rio, próxima a Rio das Ostras, que os descendentes de africanos da Machadinha reatualizam o jongo, tradição hoje manifestada pela sexta geração dos escravos que ali trabalhavam na lavora de cana-de-açúcar.

Segundo o pesquisador Francisco Luiz Noel, em seu artigo “Manifestação de origem africana sobrevive e se consolida como patrimônio cultural”, publicado em abril do ano passado no Portal do Sesc São Paulo e mais difundido através do Boletim Famaliá, rede de notícias das culturas populares brasileiras, “em Quissmã mestres locais como Maria Natividade Azevedo, de 78 anos, a Dona Preta, sua prima Guilhermina Azevedo, de 68, a Dona Chêro, e o bamba do tambor Erotides Azevedo, de 86, não praticavam o jongo desde os anos 1970. Um projeto de recuperação da culinária típica dos tempos da escravidão foi o suficiente para aglutinar os jongueiros e rememorar pontos, ritmos e passos que hoje são praticados pelos integrantes do grupo Tambores da Machadinha. O jongo de Quissamã faz parte de um relicário único na tradição afro-brasileira, pois seus praticantes vivem na senzala que abrigou seus antepassados; patrimônio que também serve de pano de fundo para danças como a do boi malhadinho e do fado (bailado com viola e pandeiro sem semelhança com o homônimo português”, sendo a Machadinha a única comunidade que ainda dança o Fado Angolano no Brasil.

Assimilação rítmica marca singularidade do jongo da Machadinha
De acordo com Noel os jongueiros de Quissamã preservam ainda uma singularidade: a variedade rítmica. “Enquanto só um ritmo é cultivado nos outros locais, os jongueiros da Machadinha alternam-se em dois”. Em seu artigo, o músico Marcos André explica melhor: “São duas levadas diferentes: o compasso de seis por oito e o de dois por quatro, parecido com o do samba e da umbanda". A geografia do jongo faz variar também seu ritmo. De acordo com Noel, “os pontos de seis por oito são tradicionais no médio Paraíba e os de dois por quatro dominam no noroeste fluminense. Em Quissamã o jongo congregaria as duas tradições rítmicas, transformando-as singularmente num ritmo próprio.

Patrimônio Imaterial da Cultura Brasileira
Comentando o redescobrimento da tradição popular africana do jongo em nosso país nos últimos anos, sobretudo após 2005, quando a expressão foi considerada patrimônio imaterial da cultura brasileira pelo Ministério da Cultura e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Noel fala sobre a inserção do jongo de Quissmã neste cenário: “O caso da Machadinha exemplifica como a revalorização do jongo contribui para a auto-estima, assim como para a inclusão social das comunidades afrodescendentes. A prefeitura de Quissamã está restaurando as senzalas, onde vivem 200 pessoas, de 46 unidades familiares. Depois de várias apresentações fora do município, os jongueiros ganharam visibilidade aos olhos da população”. Em 2009, a Machadinha irá sediar o 13º Encontro Nacional de Jongueiros.

Tambores da Machadinha abrem 2ª MFAERO
O grupo Tambores da Machadinha, formado por 30 jongueiros, fará uma apresentação especial em Rio das Ostras, no dia 8 de novembro, na abertura da 2ª Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras. A apresentação acontecerá na praça São Pedro, no Centro, às 15h. Será a primeira apresentação do grupo de jongo de Quissamã em Rio das Ostras e uma excelente oportunidade para conhecer mais sobre a cultura brasileira e de nossa região.

Da dança africana para a poesia do nordeste brasileiro
Após a apresentação do grupo Tambores da Machadinha, um coquetel será servido no CineRitz Holiday, no shopping Holiday, Centro, seguido da sessão de abertura da 2ª MFAERO, com o longa-metragem Patativa do Assaré, Ave Poesia, do cineasta cearense, Rosemberg Cariry. Vale destacar que o filme sobre o poeta Patativa do Assaré, é inédito, não tendo entrado ainda em circuito comercial. Censura livre. Entrada franca.
------------------------------------------------------------------
Videoteca do PURO participa de Mostra de Vídeo Ambiental no Espírito Santo
Filme do acervo ganhou prêmio na 3ª edição da Monvia

Imprensa BR
16/07/08
Leonor Bianchi

O curta-metragem de animação, A Garota, do diretor de Belo Horizonte, Fernando Pinheiro, foi o vencedor na categoria Melhor Animação, na 3ª Mostra Nacional de Vídeo Ambiental de Vila Velha, no Espírito Santo, com o Troféu Paulo Cezar Vinha e uma premiação em dinheiro no valor de mil reais. A 3ª MONVIA aconteceu entre 25 e 29 de junho, durante a V Feira da Terra, em Vila Velha. O curta-metragem A Garota, que tem Danilo Pinheiro assinando a animação, já participou de 120 festivais e mostras de cinema em diversos países e soma nove premiações fora do Brasil.

O filme foi um dos seis títulos cedidos à curadoria da 3ª Mostra Nacional de Vídeo Ambiental de Vila Velha através de uma parceria entre a Videoteca do Pólo Universitário de Rio das Ostras (PURO) e a 3ª MONVIA.

Na parceria foi firmado acordo de circulação e empréstimo de filmes entre as partes e, em novembro, os títulos vencedores da última MONVIA serão exibidos durante a 2ª Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras (
http://www.mfaero.blogspot.com/).

Filme-depoimento do ambientalista Lutzemberger também ganhou destaque
Dentre os filmes da Videoteca do PURO que também foram exibidos na última MONVIA está Lutzemberger For Ever Gaia. O longa-metragem dirigido por Frank Coe, com animações de Otto Guerra, tem produção gaúcha e integra a terceira edição do Programa DOCTV; iniciativa da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura (SAV/MinC), em parceria com a Fundação Padre Anchieta/TV Cultura e a Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais (Abepec), com apoio da Associação Brasileira de Documentaristas (ABD). O documentário apresenta depoimentos de José Lutzenberger - um dos maiores contribuintes para o desenvolvimento de um pensamento ambientalista brasileiro – sobre as questões ambientais na sociedade atual.

A MONVIA é uma iniciativa da Associação de Cineclubes de Vila Velha, com apoio do Conselho Nacional de Cine Clubes e patrocínio da Secretaria de Meio Ambiente do Município de Vila Velha – ES.
Videoteca do PURO: Acervo especializado em Cultura e Meio Ambiente
A Videoteca do Pólo Universitário de Rio das Ostras é um dos subprojetos da Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras (MFAERO) e foi implantada em 2007, no PURO, quando da realização da 1ª edição da MFAERO.

Com ela está sendo possível disponibilizar um acervo audiovisual especializado nas temáticas Meio Ambiente e Culturas Regionais para estudantes e comunidade de Rio das Ostras e região, que poderão usá-lo para diversas finalidades. Desta forma, estaremos contribuindo para a difusão de materiais que só seriam acessados em seus acervos originais e ainda estimulando as produções regionais de audiovisual.

A Videoteca do PURO é um projeto pioneiro, que está criando um grande banco de filmes voltados especificamente para os temas Cultura e Meio Ambiente. Vale ressaltar que com o crescimento de pesquisas em exploração de petróleo na região, surgem estudos também sobre os impactos ambientais e culturais gerados pelo aumento das populações das cidades da Região da Baixada Litorânea, onde está Rio das Ostras, e cursos de especialização em gestão ambiental. Contudo, não existe ainda na região um acervo filmográfico público especializado em Meio Ambiente.

Este ano, a Videoteca do PURO realizou sua primeira parceria. Em abril, 24 títulos de seu acervo foram exibidos durante 5a Mostra Cinema Popular Brasileiro. A Mostra Cinema Popular Brasileiro (
http://www.cinemapopularbrasileiro2008.blogspot.com/), realizada pelo grupo de mesmo nome na serra de Nova Friburgo (RJ) em seu distrito de São Pedro da Serra, guarda um acervo de filmes de curtas, médias e longas-metragens no Espaço Cultural São Pedro da Serra. Os títulos do acervo somam filmes exibidos ao longo dos cinco anos da Mostra Cinema Popular Brasileiro e conta ainda com produções doadas através do apoio de diversas instituições.

Veja os vencedores da 3ª MONVIA
Melhor Animação: "A Garota" – Fernando Pinheiro e Danilo Pinheiro
Melhor Documentário: "Profetas das Chuvas e da Esperança" – Márcia Paraíso – SantaCatarina
Melhor Vídeo Institucional: "Parque Estadual Corumbiara" – Carlos Levy – Roraima
Melhor Reportagem: "Alguém tem que se responsabilizar" – Ricardo Sá – Vitória/ES
Júri Popular: "Nem um minuto de silêncio" – Brigada de Audiovisual da ViaCampesina – Paraná e São Paulo
Estes vídeos receberão o Troféu Paulo Cezar Vinha e R$ 1.000,00 (Hummil reais).
Menção Honrosa
"Velha e o Mar" – Petrus Cariri – Fortaleza/CE
"For Ever Gaia" – Frank Coe e Otto Guerra – Rio Grande do Sul
"Roça Crua" – May Waddington - Maranhão

I Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras acontecerá durante o I Fórum de Cultura do PURO: Políticas Culturais para o Interior
Polo Universitário de Rio das Ostras – PURO26 a 30 novembro 2007


UFF DE RIO DAS OSTRAS DISCUTE POLÍTICAS CULTURAIS PARA A REGIÃO
O Pólo Universitário de Rio das Ostras – PURO organiza no mês de novembro o 1° Fórum de Cultura. O evento, que contará com a participação de alunos, professores e agentes culturais das cidades próximas a Rio das Ostras, abordará as políticas públicas culturais postas em prática nos municípios da região.Organizado pelos alunos do curso de Produção Cultural, o encontro tem como objetivo discutir práticas de gestão e projetos na área da cultura desenvolvidos pelos municípios beneficiados pelos royalties de petróleo da Bacia de Campos. Como atividade de abertura, no dia 26, haverá uma palestra sobre estudos da aplicação dos recursos oriundos da exploração do petróleo entre as cidades do Norte Fluminense. O Fórum continua nos dias seguintes com três mesas que debaterão os seguintes temas: "Processos Participativos em Gestão Cultural"; "Turismo e Preservação do Patrimônio"; e "Diretrizes para políticas culturais". No último dia será realizada uma grande plenária, aberta a todos os participantes, que, com base nas discussões anteriores, elaborará um documento com propostas de ação cultural que será entregue aos gestores públicos e privados de cultura dos municípios.Haverá ainda a apresentação de trabalhos acadêmicos e as realizações das diversas Secretarias de Cultura no formato Pôster.
Fruto de uma parceria entre a Universidade Federal Fluminense e a Prefeitura de Rio das Ostras, o PURO oferece entre outras a graduação em Produção Cultural. O curso tem assumido um papel de destaque nas discussões sobre cultura, desenvolvendo atividades que oferecem espaço para exibição do trabalho de artistas locais, troca de informações entre os agentes culturais e a reflexão sobre a importância da preservação e da promoção da diversidade cultural.O 1° Fórum de Cultura acontecerá de 26 a 30 de novembro, das 15h00 às 19h00, no auditório da Universidade, à Rua Recife, s/n°, Jardim Bela Vista. A entrada é gratuita e confere certificado aos participantes.

Mais Informações:Universidade Federal FluminensePólo Universitário de Rio das OstrasRua Recife, s/n° - Jardim Bela Vista - Rio das OstrasTel.: (22) 2760-0848 / 2764-9164danielpvc@gmail.com.br/ adri_russi@yahoo.com.br

Região dos Lagos terá Mostra de Cinema Ambiental em novembro
I Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras recebe filmografia eclética
A população de Rio das Ostras e região têm um encontro marcado com o cinema nacional. A I Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras promete movimentar a Terra dos Peixes com produções de alto nível técnico e artístico.
A programação da Mostra será dedicada à questão ambiental e ao cinema documental com enfoque para as realizações que abordam aspectos culturais do povo brasileiro. Demonstrando o expressivo aumento de realizações filmográficas em ambos os gêneros, a produção do evento recebeu filmes de curta, média e longa duração de todas as regiões do Brasil.
Videoteca Pública
Após a Mostra, todos os filmes serão doados para a Videoteca Pública de Rio das Ostras, que está sendo implantada no Pólo da Universidade Federal Fluminense (PURO) da cidade. Todos os realizadores inscritos na Mostra permitiram que suas obras fossem para o acervo. A finalidade é dar mais força à distribuição e exibição desses materiais, que precisam ser ‘espalhados’ para poderem ser vistos. Será a primeira videoteca da cidade.
Segundo a organizadora da Mostra, Leonor Bianchi, o evento é totalmente independente e feito à base de custo zero e muita vontade de exibir cinema nacional. Para a jornalista, que desenvolve há seis anos a Mostra Cinema popular Brasileiro, no município de Nova Friburgo, Rio das Ostras tem um enorme potencial para investir na atividade cinematográfica, mas as iniciativas promovidas na cidade ainda são incipientes no que diz respeito a projetos de produção e exibição de cinema. “Não é de hoje que Rio das Ostras tem uma relação com o cinema. Na década de 1960 a cidade foi escolhida por uma das mais emblemáticas personalidades da chamada pornochanchada para ser o lugar onde viveria. Era Joel Barcelos, que trazia para a vila de pescadores novas visões sobre o mundo daquela época e experiências do interior do Brasil, de onde vinha carregando lembranças do teatro de rua que fazia com uma trupe do Centro Popular de Cultura (CPC). Grande parte da população, que chegou ao município nos anos 80 e que passou a atuar em ações político-culturais na cidade, teve o privilégio de freqüentar as lendárias ‘Primaveras Culturais’; evento produzido por Malu Maia, naquela época mulher de Joel, no qual, entre outras coisas, aconteciam exibições de cinema em praça pública. A cidade pulsava numa atmosfera poética onde havia espaço para o cinema brasileiro. Descortinavam-se possibilidades para a cultura e o cinema em Rio das Ostras. Possibilidades que, ao longo dos anos, ficaram um tanto silenciadas, porém nunca apagadas. Há alguns anos, a Fundação Rio das Ostras de Cultura promove os projetos Cinema na Rua e a Mostra Rio das Ostras de Cinema, contudo, faltam investimentos para projetos de escolas de cinema e vídeo, para produções locais e para a difusão do cinema nacional. “Por esta razão estou montando uma videoteca pública no município; para que os filmes - produções independentes ou comerciais - possam chegar a pessoas que não teriam acesso aos acervos originais dos mesmos”, comentou Bianchi.

Cultura do pescador ganha espaço
A grande área urbana de Rio das Ostras, onde se localiza o litoral da cidade, guarda cenas do tempo em que o local era apenas uma vila de pescadores. O bairro da Boca da Barra congrega ainda hoje herdeiros da antiga cultura dos pescadores locais, que deixaram para as futuras gerações, saberes ancestrais, e histórias das aventuras de uma vida no mar.

Como forma de inserir a comunidade pesqueira de Rio das Ostras no evento, a Mostra exibirá um importante material, que compõe um histórico recente da visão das comunidades de diversas cidades da Região dos Lagos e algumas do Centro-Norte Fluminense, sobre suas realidades sócio-ambientais. “Fiz contato com os produtores da Abaeté, que realizaram ao longo deste ano várias oficinas de vídeo ambiental em 14 municípios influenciados pelo impacto econômico e ambiental das empresas exploradoras de petróleo sediadas na Bacia de Campos. Rio das Ostras participou desse projeto, e aqui foram produzidos três curtas, ainda em fase de finalização. Convidei alguns realizadores envolvidos nas oficinas e tive retorno positivo. A programação da Mostra conta com diversos curtas feitos durante as oficinas de cinema ambiental Humano Mar, produzidas pela Abaeté. São materiais feitos por moradores de Arraial do Cabo, Búzios, Cabo Frio, Araruama e São Pedro da Aldeia”, comenta a organizadora da Mostra.
O média-metragem Humano Mar, documentário de Juliana Loureiro (2006), também produzido pela Abaeté, também faz parte da programação da Mostra.

Três clássicos de Horand Henze
Com relação ao tema levantado pela Mostra, Bianchi considera que a iniciativa torna-se oportuna na medida em que o município precisa discutir permanentemente a questão ambiental, já que está inserido em uma área de constante risco ambiental por estar próxima à Bacia de Campos, de onde saem cerca de 80% do petróleo extraído no Brasil. “Precisamos evidenciar o passado, o presente e o futuro do município com relação aos seus recursos naturais, contrastarmos a paisagem geográfica de décadas, séculos e porque não milênios, para perceber o quanto agimos sobre ela, e o quão destruidora tem sido essa ação. O contraste é bom porque ajuda a repensar a atitude, os conceitos, os valores de hoje, e é ai que amadurecemos nossa relação com o ambiente, com o outros, com a natureza”, disse a organizadora da Mostra, destacando que o evento exibirá o clássico ‘O Grito do Rio’, do diretor friburguense Roland Henze. Rodado no início da década de 80, o documentário aborda o derramamento de resíduos químicos no rio São João, rio de fundamental importância não apenas Rio das Ostras, como para toda a região. Na homenagem in memoriam que a Mostra fará ao cineasta que morou mais de vinte anos em Rio das Ostras, ainda serão exibidos ‘A Banda’, e ‘A Jangada’.

Espaço para produções universitárias e de alunos da rede pública municipal e federal de Macaé
As produções feitas por alunos do ensino médio do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) de Macaé ‘A Flor do Mangue’, e ‘In-Defeso’, que retratam as conseqüências negativas da ação do homem no meio ambiente daquela cidade, serão apresentados na mostra. Além dos curtas da Cefet, que tiveram orientação da professora Maria Inês Paes Ferreira, mais dois filmes realizados por alunos do ensino médio da Escola Técnica de Pesca de Macaé, serão apresentados na Mostras. O biólogo Rafael Nogueira Costa produz pequenos documentários como seus alunos há mais de três anos.
A I Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico tem apoio do Pólo Universitário de Rio das Ostras. Além das exibições entre os dias 14 e 18 de novembro, o evento realizará palestras e debates durante sua programação com entrada franca.
Os pensamentos de Lutzberger na Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras
Os pensamentos do ecologista José Lutzenberger estarão presentes na I Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras através do filme Lutzenberger: Forever Gaia. Dirigido por Frank Coe, com animações do gaúcho Otto Guerra, foi lançado este ano em diversos circuitos, sobretudo em mostras e festivais direcionados à temática ambiental. A produção recebeu incentivo do III Programa de Fomento à Produção e Teledifusão do Documentário (DOC TV 2006) e foi selecionada para a mostra competitiva do festival de cinema É Tudo Verdade.

Segundo seus realizadores, “foram editadas mais de 30 horas de imagens e depoimentos coletados em diversos lugares onde o ecologista atuou, além de entrevistas com o próprio Lutzenberger, filmadas antes de seu falecimento”. O material originou um média-metragem de 52 minutos de alto teor técnico sob o ponto de vista da linguagem cinematográfica. O filme é didático sem cair no clichê, se quisermos interpretá-lo como um manual de comportamento, e filosófico, se ponderarmos a presença humana no planeta Terra.

Lutzenberger: Forever Gaia será exibido na I Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras, no dia 18 de novembro, no Parque dos Pássaros, às 16h00 com entrada franca. O filme foi doado pela produtora Otto Desenhos Animados Ltda para a Videoteca Pública de Rio das Ostras que está sendo implantada no Pólo da Universidade Federal Fluminense em Rio das Ostras (PURO) e poderá ser assistido por qualquer interessado ou exibido em projetos sem fins lucrativos.
Lendas e histórias de um rio sem fim
Curta baiano e documentário rodado no Mato Grosso participam da I Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras
O curta-metragem baiano ‘A lenda da lagoa vermelha’, do diretor Eutímio Carvalho será exibido na I Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras, que acontecerá entre os dias 14 e 18 de novembro. Baseado numa lenda regional do interior da Bahia, o curta feito numa região de mata a 300 quilômetros de Salvador, na cidade de Cícero Dantas, reproduz a história de um escravo açoitado e atirado nas águas de uma lagoa, que, desde então, guarda um mistério e uma maldição.
Interpretado por atores amadores da cidade de Cícero Dantas, o filme tem participação do próprio Eutímio, que encarna Chico, irmão de Matias. Os dois irmãos sem para caçar e na mata são assombrados pelo fantasma do escravo João, que os impede de retornar para casa.
O diretor Eutímio Carvalho realiza filmes de maneira autoditada e independente desde o final dos anos 80. Com o que os produtores chamam de BO, baixo orçamento, Eutímio conseguiu apenas R$ 20 mil para rodar ‘A lenda da lagoa vermelha’. Buscou apoio e conseguiu a co-produção da Diretoria de Artes Visuais e Multimeios (Dimas) da Fundação Cultural do Estado para a realização do curta. Eutímio conheceu novos atores que estudavam nos cursos de cinema da Fundação, e passou 11 dias no sertão baiano rodando o filme com dois deles, Ed Almeida, que interpreta Sinhozinho Mariano, e Jorge Baia, que vive Matias. Jorge Mello atuou na produção e Walter Freire assina a fotografia do filme.

‘A Lenda da Lagoa Vermelha’ participou recentemente da 34ª Jornada Internacional de Cinema da Bahia e foi selecionado para concorrer nas mostras competitivas do VII Goiás Mostra Curtas e no Festival Brascine em Estocolmo e Gotemburgo, na Suécia. Na sexta-feira, dia 16 de novembro, às 16h00, ‘A lenda da lagoa vermelha’ será exibido na sessão de curtas da I Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras, no Iate Clube da cidade, com entrada franca.
História Sem Fim... do rio Paraguai
Longe da Bahia, a produção matogrossense ‘Histórias Sem Fim... do rio Paraguai’, da carioca del Cueto assessoria e produção, vai mostrar uma face do Brasil pantaneiro na I Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras.

Filmado em Super 16 milímetros e finalizado em 35mm, o filme foi feito em 1999 durante uma expedição que percorreu 730 quilômetros do rio Paraguai, entre as cidades de Cáceres, no Mato Grosso, e Corumbá, Mato Grosso do Sul, o curta-metragem mostra um lado do Brasil que muitos ainda não conhecem; a vida às margens do rio Paraguai. Um professor, Célio Couto, é convidado a participar da expedição e retrata suas impressões sobre o povo da ribeira, a história e a pré-história do lugar, e a belíssima paisagem local, no filme.

Rio das Ostras abre Conferência sobre Meio Ambiente nesta sexta-feira dia 14
Leonor Bianchi - Publicado no Jornal Primeira Hora

12/09/2007
Embora muitos estudos já tenham sido feitos para a elaboração do Código Municipal de Meio Ambiente, o mesmo se encontra desde maio do ano passado na Procuradoria Geral do Município para análise. Linhares defendeu a homologação do Código o quanto antes, pois através dele, as ações de fiscalização no setor ambiental poderão ser feitas com garantias legais, favorecendo o próprio município, especificamente o setor ambiental. A quarta conferência deu um prazo para o código ser encaminhado para votação na Câmara Municipal, e o Conselho Municipal de Meio Ambiente fez o que poderia ser feito. Agora, temos que esperar a aprovação da Procuradoria, disse a diretora de Meio Ambiente.
Durante a programação da conferência, o Código Municipal de Meio Ambiente será discutido no tópico ‘Legislação Ambiental Municipal’, onde destacam-se o licenciamento ambiental em Rio das Ostras, a regulamentação dos resíduos sólidos, e o plano diretor.

A conferência será aberta na noite de sexta-feira, dia 14, na Câmara Municipal, quando o secretário de Meio Ambiente, Agricultura e Pesca, Max Almeida, fará uma apresentação das ações realizadas pelo município no setor. No dia seguinte, às 8h00, na Escola Municipal Ary Gomes, em Costazul, começarão as atividades práticas do evento, com a palestra do representante do Ministério do Meio Ambiente, Eugênio Spengler, que falará sobre o Sistema Nacional de Meio Ambiente. Ainda pela manhã, o professor do NUPEM/UFRJ, Vinícius Fortes Farjall, realizará uma palestra sobre Aquecimento Global. O tópico ‘Educação Ambiental e Responsabilidade Sócioambiental’ será tratado por um dos ambientalistas mais conceituados do Brasil na área de educação ambiental, José Silva Quintas, também na manhã de sábado. A programação da conferência seguirá durante todo o sábado e, no domingo, os relatórios produzidos pelos grupos de trabalho serão analisados e votados.


Cidade terá mostra de cinema ambiental e etnográfico

Em agosto a cidade recebeu uma equipe de jovens cineastas e antropólogos que realizaram uma oficina de vídeo ambiental na cidade. Como produto das aulas que envolveram cerca de 30 alunos de diversas idades entre estudantes, profissionais liberais, educadores e fiscais ambientais do município, foram produzidos três documentários, que serão exibidos para o púbico da cidade em novembro.

E será em novembro também - de 14 a 18 - a I Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras, iniciativa independente do grupo Cinema Popular Brasileiro, que realiza projetos de difusão da cinematografia nacional no interior do estado do Rio de Janeiro.Segundo seus organizadores, o objetivo do projeto é divulgar produções nacionais de cunho documental, ficcional ou artístico, que abordem criticamente as múltiplas realidades sócioambientais do povo brasileiro e as relações do homem com seu espaço geográfico, caracterizadas por sua capacidade de criar alternativas para sua adequação ao meio, sobretudo, no que diz respeito às representações culturais, geralmente marcadas, também, pela paisagem geográfica.


O evento conta com o apoio da secretaria municipal de Meio Ambiente, Agricultura e Pesca de Rio das Ostras, do Pólo Universitário de Rio das Ostras (PURO) e do Iate Clube Rio das Ostras. As sessões serão gratuitas e realizadas no Parque dos Pássaros, no Iate Clube e no PURO. Além das exibições, o público poderá participar de palestras e debates com realizadores de documentários, e o público infantil terá uma vasta programação com atividades lúdicas promovidas pelo movimento ambiental da cidade, Planeta Eco. Quem quiser mais informações sobre a mostra e o regulamento para as inscrições de filmes, deve visitar o blog http://filmeambientaletnograficoriodasostras.blogspot.com/



Cinema ambiental em Rio das Ostras
Moradores participam de oficina de vídeo e documentam aspectos da realidade sócio-ambiental do município
Leonor Bianchi
Durante três semanas, trinta moradores de Rio das Ostras participarão de uma Oficina de vídeo ambiental, que está sendo realizada pela produtora de cinema Abaeté, do Rio de Janeiro. O objetivo do projeto é familiarizar a comunidade com a linguagem audiovisual para que ela produza, ao longo do curso, três documentários relacionados ao meio ambiente.Segundo Luisa Pitanga, antropóloga e documentarista integrante da Abaeté, a iniciativa faz parte de um projeto extenso realizado desde janeiro em 10 municípios circundantes à Bacia de Campos, onde recentemente a empresa Devon - patrocinadora do projeto - passou a atuar na exploração de petróleo.

A oficina integra uma das ações de um projeto de educação ambiental da empresa norte-americana, onde o audiovisual foi a ferramenta escolhida para estabelecer o diálogo entre a comunidade e seus principais aspectos sócio-ambientais.Ao todo estão sendo realizadas 10 oficinas de cinema ambiental e 10 fóruns ambientais, que consistem na exibição dos filmes produzidos durante as oficinas e no debate dos mesmos em praça pública, nas referentes comunidades onde os documentários foram feitos.


O passo seguinte do projeto é a criação de uma agenda ambiental audiovisual, ou seja, a sistematização dos debates realizados ao longo do projeto em um DVD que será distribuído para escolas, videotecas, ONGs, órgãos oficiais entre outros.A primeira oficina aconteceu em Cabo Frio. Depois de lá, as cidades de Arraial do Cabo, São Pedro da Aldeia, Araruama e Búzios também receberam a equipe da Abaeté, e mais filmes foram produzidos com a comunidade. Na semana passada foi a vez de Niterói encerrar sua participação no projeto e, em meados de setembro, Macaé abrigará mais uma oficina de cinema ambiental. Os dois últimos municípios a serem visitados pelo projeto serão São Francisco de Itabapoana e São João da Barra. Os filmes realizados durante as oficinas têm cerca de 10 minutos e os cinco primeiros, produzidos através do projeto, já foram exibidos no fórum ambiental entre os meses de junho e julho. Segundo Pitanga, além de serem responsáveis pela produção da infra-estrutura necessária para a exibição dos documentários no fórum, os alunos foram agentes fundamentais durante o debate após a sessão dos filmes, fazendo a intermediação entre o público e os respectivos realizadores. “Usamos a metodologia da ‘câmera aberta’, durante esses debates, que foi muito utilizada na década de 80 pelas TVs comunitárias. O processo consiste em deixar uma câmera ligada, gravando as falas do povo, que são mostradas simultaneamente num telão, criando a dinâmica do debate”, explicou Pitanga. Dentre os argumentos desenvolvidos até agora pelos quase 100 participantes da oficina, estão o destino do lixo, perspectivas da juventude local, turismo predatório, pesca e o fim das salinas.
Rio das Ostras foi o município com o maior número de inscritos




Na turma heterogênea, professores, biólogos, fiscais de meio ambiente e muitos estudantes participam da oficina. Dentre eles, Andréa Oliveira, de 14 anos, que espera levar o conteúdo depreendido durante a oficina para o futuro, quem sabe até, profissional. “Daqui pode nascer um sonho e, quem sabe, uma carreira profissional”, disse a adolescente. Para Carla Maia, 22, a motivação para participar da oficina foi o aprendizado de uma linguagem desconhecida para ela. “Quero aprender um pouco de cinema porque conheço bastante sobre teatro, mas cinema...”, disse Carla.




Na ementa do curso, aulas de história e estética do cinema com enfoque para o cinema brasileiro, história do documentário, roteiro, fotografia e iluminação, edição e, claro, meio ambiente. “Durante as aulas de meio ambiente, exibimos o Mano Mar, um documentário feito em 2005 com a ajuda de pescadores que filmaram o cotidiano das embarcações no mar durante as viagens de pesca, e tentamos levar o debate para uma abordagem mais crítica, que considera, sobretudo, o papel dos cidadãos com relação ao meio ambiente e à cadeia produtiva, ou seja, falamos dos aspectos econômicos que o tema envolve e que geralmente são esquecidos quando o assunto é educação ambiental. Ainda enfocamos a questão dos royalties e sua utilização pelos municípios”, observou a antropóloga.




Em Rio das Ostras, os documentários produzidos durante a oficina serão exibidos em novembro, acompanhando o calendário do projeto nas cidades do Norte-Fluminense, segundo Luisa.Para Igor Barradas, coordenador de audiovisual das oficinas, o que mais chamou a atenção da equipe do projeto em Rio das Ostras, foi o número expressivo de pessoas interessadas em fazer a oficina e a diversidade de idades, profissões e atividades dessas pessoas. Para Barradas, a ferramenta audiovisual, como qualquer outra, pode ser transformadora se usada com originalidade. “O que importa é quem está por trás desta ferramenta. E hoje, o audiovisual é uma linguagem que está em toda parte, mas ainda de forma muito unilateral, imposta ao espectador como uma verdade absoluta. Uma de nossas intenções com as oficinas é dar aos alunos capacidade crítica de interpretar esses produtos audiovisuais”, argumentou.

Texto publicado no Jornal Primeira Hora. www.jornalprimeirahora.com.br